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Encorajamos todos os eBirders a estimar com a máxima precisão os números de aves observadas em cada lista. A maior parte das contagens de aves é muito fácil – identificamos aquilo que vemos e vamos somando os números. Porém, de vez em quando, temos a sorte de encontrar um grande bando de aves, vários bandos, ou grandes bandos com espécies misturadas. É aqui que as coisas se podem complicar, e onde nós podemos ajudar.

O mais importante a reter é que uma estimativa mais exacta dos números é sempre mais útil que colocar um “X” para indicar presença. Um “X” pode significar 1 ou 1000000 ave(s). Com a contagem mais precisa possível, você está a dar informação valiosa sobre a abundância de aves no mundo: não só onde uma espécie se encontra, mas também quantas aves existem. Estes dados permitem aos investigadores aperceber-se de mudanças de números ao longo do tempo, o que muitas vezes é uma das medidas mais importantes para perceber em que estado se encontra uma espécie.

Na contagem de aves, é também importante ter em conta que números aproximados são perfeitamente aceitáveis. Se você estimar um bando como tendo 50 aves, e na realidade eram 40 ou 63, não há problema! É evidente que, se conseguir contar exactamente 63, será sempre melhor, mas compreendemos que isso nem sempre é possível. 

Usando as técnicas simples descritas abaixo, poderá fazer estimativas mesmo nas situações de contagem de aves mais difíceis. Em breve terá uma ideia de quantas aves estão presentes nos seus locais de observação somente com uma olhadela. E a melhor parte é que se torna mais fácil quanto mais se pratica!

Links rápidos

As melhores técnicas para a contagem de aves

Contagem de grupos de uma espécie

Contagem de bandos grandes estacionários

Contagem de bandos grandes em movimento

Múltiplas espécies em números elevados

Aves em comedouros

Gansos-das-neves por Jan Allen/Macaulay Library (ML139354761)

As melhores técnicas para a contagem de aves

Conte na hora!

A primeira regra da contagem de aves é que temos de nos habituar a anotar dados à medida que avançamos. Recomendamos que anote totais parciais para todas as aves observadas pelo menos a cada 15 minutos para manter a contagem mais fácil de gerir. A opção Inserção Rápida no eBird Mobile torna este processo muito fácil! Manter listas eBird múltiplas e curtas também torna as contagens mais simples, ao evitar que os números se tornem muito grandes (de qualquer modo, listas mais curtas são melhores para a ciência!). 

Seja conservador

Recomendamos contagens conservadoras no eBird. O seu objectivo deve ser a contagem mais precisa das aves que viu e ouviu no local onde esteve. A finalidade não deve ser ter a contagem mais alta de uma espécie já registada no eBird, mas apresentar uma contagem representativa do que estava presente na área que observou.

Se observar um tentilhão macho nos primeiros cinco minutos do seu passeio, e de seguida uma fêmea, conte dois. Mas se vir um macho nas proximidades do primeiro quando regressar pelo mesmo caminho, recomendamos que a contagem fique por 1. Se vir um tentilhão macho no início da sua caminhada e outro, meio quilómetro depois, conte dois! Use o seu senso comum e tente, na medida do possível, apresentar a contagem mais aproximada e conservadora. 

Pode igualmente distinguir aves individuais de outras formas, muitas vezes devido a diferenças óbvias de idade e sexo das aves ou outras características. Exemplos incluem o macho vs. fêmea de tentilhão, o chingolito de sobrolho branco vs. sobrolho castanho, ou um fringilídeo em muda. As diferenças individuais podem ser evidentes e ajudá-lo a certificar-se de que conta todas as aves presentes.

Cuidado com a falsa precisão

Se está a contar aves de cinco em cinco, dez em dez, ou centena em centena adicionar uma contagem mais precisa pode resultar numa falsa precisão. Não inclua contagens exactas nas suas estimativas para uma espécie. Isto é, mantenha sempre os números reportados ao nível mais baixo de precisão ao contar uma espécie. Se fez uma contagem de um bando grande de Negrola-de-lunetas de dez em dez resultando num total estimado de 1110 aves e, em seguida, observa um grupo de 3 aves, deve reportar apenas um total de 1110 aves e não 1113. Se em seguida observar mais 5 aves a passar, pode então aumentar a sua contagem para uma estimativa de 1120.

Tipos de contagem de aves

Contagem de grupos de uma espécie

A contagem de aves é geralmente simples, como quando contamos uma só espécie num local fixo. Seis mergansos-grandes num tronco é uma contagem fácil de fazer porque podemos ver e identificar todos os indivíduos.

Merganso-grande por Chris S. Wood/Macaulay Library no Cornell Lab (ML67827951)

Bandos maiores podem parecer mais complicados mas, contando um subgrupo mais pequeno e depois extrapolando a contagem para o bando inteiro, torna-se mais fácil. A única diferença é que em vez de se contar aves à unidade, vamos contá-las em grupos: 5 de cada vez ou 10 de cada vez.

Cegonha-branca por Richard Gray/Macaulay Library (ML67512001)

Este pequeno bando de cegonhas-brancas em voo é simples de contar. À medida que elas passam, podemos contá-las uma a uma, terminando com um total de 19. Mas quando os números são maiores, a contagem um-a-um fica para trás. Antes de ler o texto abaixo, quantas aves observa se contar este bando de dez em dez?

Cegonha-branca por Paul Chapman/Macaulay Library (ML42551781)

A estratégia aqui é começar por contar as primeiras dez aves no bando, ficar com uma noção de que proporção do bando é que elas ocupam, e depois extrapolar para o resto do bando em contagens de dez. O número exacto de aves nesta imagem é 102 – sabendo este número, 100 seria uma excelente estimativa imediata no local!

Contagem de bandos grandes estacionários

Quando um grande número de aves cobrem uma área pode ser complicado fazer uma contagem. Aqui temos ferramentas que o vão ajudar!

Tal como na contagem de grupos de uma espécie, vamos começar por perceber quantas aves ocupam um subgrupo do bando e depois extrapolar um total estimativo. Geralmente as pessoas subestimam os números quando observam bandos grandes, por isso é importante avaliar o quão juntas estão as aves e os efeitos da distância e profundidade. A tridimensionalidade de alguns grupos pode ser difícil de avaliar. Se tivermos um grupo de aves com um comprimento de 100 aves, 100 aves de altura e 100 aves de profundidade estamos a falar de um milhão de indivíduos! 

Para começar a contar um bando grande, primeiro escolha que intervalo de contagem vai utilizar. Contar dez de cada vez parece praticável? Ou 100 de cada vez? 1000? Qualquer que seja o intervalo que escolher, conte esse primeiro intervalo um-a-um, e depois use essa medida para todo o grupo.

Zarro-americano por Jay McGowan/Macaulay Library no Cornell Lab (ML43492371)

Vamos praticar com estes patos no lago Cayuga, Ithaca, a sede do Cornell Lab of Ornithology!

Se começarmos por perceber que área ocupam cerca de 30 patos, obtemos o seguinte resultado. 

Sabendo que proporção do bando é constituída por cerca de 30 aves, podemos extrapolar para o resto do grupo.

Neste bando temos seis segmentos mas eles não são todos iguais. Nos segmentos de trás temos quase o dobro de aves dos segmentos da frente. Não se esqueça de que estamos a olhar para aves em duas dimensões aqui: largura e profundidade. Como as aves estão mais distantes, a sua profundidade e largura aumentam, por isso ajuste as suas estimativas tendo isso em consideração. 

Com uma extrapolação simples estimaríamos 180 patos neste bando, mas na realidade são ~340 aves. Quando estimamos contagens em blocos em que a profundidade é um factor, temos de a ter em conta e ajustar as nossas estimativas. Este exemplo ilustra como grandes bandos são muitas vezes subestimados. Lembre-se: ainda que o nosso objectivo seja a precisão, é sempre melhor errar para o lado mais conservador!

Contagem de bandos grandes em movimento

Há duas formas de contar bandos grandes de aves em movimento: usando um intervalo de contagem ‘maior-do-que-1’ novamente; ou por rácio de contagem: aves que passam por unidade de tempo. O método escolhido depende da situação em que se encontra e que espécie está a observar. Se se tratar de um único bando de vários milhares de aves voando na sua direcção, conte por intervalos ‘maior-do-que-1’. Se há um movimento constante de aves voando de um modo consistente, então será melhor utilizar o método de contagem por unidades de tempo.

Pardela-preta por Griffin Richards/Macaulay Library no Cornell Lab (ML71751951)

A contagem por unidades de tempo funciona bem quando se observam voos consistentes que decorrem de vários minutos a muitas horas. Por vezes, as aves são tão numerosas que contar indivíduos se torna impossível (neste caso, pardela-preta ao longo da costa do Pacífico), mas a frequência com que passam o local de observação é relativamente consistente. Começa-se por contar os indivíduos que passam durante uma unidade de tempo (e.g., 1 minuto ou 5 minutos) e depois extrapola-se a contagem para um bloco de tempo determinado. Se observou 1300 pardelas em 5 minutos e o voo continuou consistente durante 15 minutos, pode estimar um total de 3900 pardelas com segurança. Esta é a melhor técnica para obter uma estimativa sensata dos números totais. Quando se utiliza esta técnica, é sempre importante monitorizar o voo das aves para detectar mudanças no volume de aves que passam. Se notarmos que o número de aves que passam diminui ou aumenta, é altura de fazer uma nova estimativa. Esta estratégia ajuda a contar várias espécies em simultâneo, facilitando a contagem de voos diversos.

Múltiplas espécies em números elevados 

Bandos mistos são o desafio mais complexo mas, tal como nos outros exemplos, podem tornar-se mais fáceis. Há duas formas principais de contar bandos como estes:

1. para cada espécie, contar o total de indivíduos usando o melhor método para cada uma delas, ou
2. estimar o número total de indivíduos e a proporção de cada espécie dentro do bando. 

Gaivota-do-mar-de-bering por Andy Wilson/Macaulay Library (ML166815011) 

Imaginemos que temos um grande bando de gaivotas na costa do Pacífico. Podemos contar apenas uma secção e extrapolar, como fizemos no exemplo acima com os patos, ou podemos tentar estimar as proporções. Se a composição do bando é de 50% Larus occidentalis, 30% Larus californicus, 10% Gaivota-do-mar-de-bering, e 10% Larus heermanni e estimamos um total de 10000 indivíduos, teríamos 5000 Larus occidentalis, 3000 Larus californicus, 1000 gaivotas-do-mar-de-bering  e 1000 Larus heermanni. Tenha em consideração que cada espécie não estará necessariamente distribuída de modo uniforme pelo bando. Certifique-se de que examina todas aves antes de extrapolar números para o bando completo. 

Vamos tentar ambos os métodos com este grande bando de várias espécies limícolas em Reed’s Beach, NJ, um ponto de paragem importante para espécies limícolas migratórias em Delaware Bay. Este é um exemplo especialmente desafiante porque as seixoeiras não estão distribuídas uniformemente na imagem, e há pilritos-rasteirinhos, pilritos-das-praias e rolas-do-mar misturados pelo bando inteiro mas que ficam escondidos pela abundância de seixoeiras na maior parte da fotografia. 

Seixoeiras por Cynthia Ehlinger/Macaulay Library (ML160521301)

Em primeiro lugar vamos estimar o número total de aves neste bando. Contando às dezenas, estimamos que há ~1400 aves limícolas ao todo. Uau! Em seguida, estimamos que o bando é constituído por ~60% pilrito-rasteirinho (lembre-se que eles se misturam em todo o grupo), 35% seixoeira, 3% rola-do-mar, e 2% pilrito-das-praias. Isto dá um total de 840 pilritos-rasteirinhos, 490 seixoeiras, 42 rolas-do-mar, e 28 pilritos-das-praias! 

Se quisermos contar cada espécie separadamente, começaremos pelos pilritos-rasteirinhos e as outras aves limícolas que estão distribuídas uniformemente na imagem. As proporções estão escurecidas pela abundância das seixoeiras mas podemos usar a secção sem seixoeiras para estimar as outras aves e extrapolar para o total. Temos ~380 pilritos-rasteirinhos (em contagens de 10), 6 rolas-do-mar, e 10 pilritos-das-praias ocupando o espaço mais claro. Este espaço é ~40% da área ocupada pelo bando (não se esqueça da profundidade!), por isso estimamos 950, 15, e 25 respectivamente para toda a imagem. Já que a distribuição irregular das seixoeiras torna a extrapolação difícil, contamos de 10 em 10 e chegamos ao total de ~680. Repare que isto resulta num total de ~1700 aves ao todo, uma estimativa mais alta do que a que obtivemos antes (era uma subestimativa já que não conseguimos ver todos os pilritos-rasteirinhos escondidos!). 

Compare os dois métodos utilizados: contar cada espécie individualmente resultou em totais mais precisos para os pilritos-rasteirinhos e seixoeiras, as aves mais abundantes no grupo, enquanto que estimar por proporções provavelmente resultou em resultados mais fiéis para as aves menos abundantes: rolas-do-mar (há 38 na foto) e os pilritos-das-praias. 

Cada método tem as suas vantagens e desvantagens mas ambos nos conduziram a uma estimativa segura e conservadora de todas as espécies presentes no bando, resultando em dados valiosos quando inseridos em listas completas. Utilize o método que melhor se ajusta à situação em que se encontra. Ufa! Esta foi difícil mas conseguimos! Felizmente muitas situações de observação de aves são bem mais fáceis de contar.

Aves em comedouros

Quer o seu comedouro esteja cheio de néctar e rodeado de beija-flores alimentando-se freneticamente ou repleto de fringilídeos em torno de um tubo de cardos, pode ser complicado saber quantas aves estão nos seus comedouros. Recomendamos que reporte o número máximo de aves que viu de uma só vez durante o seu período de observação, assim como outras aves individuais extra que se destaquem. Embora possa haver mais aves do que essas, é o método mais fiável para estas situações. Obviamente que se vir 6 fêmeas de tentilhão e 3 machos, e mais tarde vir 6 machos juntos, então terão estado pelo menos 12 indivíduos distintos no seu comedouro e a sua lista deve incluí-los.

Melanerpes erythrocephalus juvenil por Sue Barth/Macaulay Library no Cornell Lab (ML64213381)

Divirta-se a contar aves e a contribuir para a ciência usando as suas novas competências no eBird!